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19 de março de 2020Fé , Igreja e Coronavírus
24 de março de 2020No cinema, existe uma história, não bíblica, muito interessante que é a de Joana d’Arc, contada com liberdade literária no roteiro de um filme reflexivo. A protagonista tem um chamado espetaculoso: “Jesus” aparece numa visão entre riscos de luz na névoa e uma espada desce como uma nave espacial do céu ao som de canto gregoriano. Isto seria o sinal claro para ela sair para a guerra com esta espada. Mesmo sem preparação ou um embasamento estratégico em batalhas ela aceitou a missão. Após grandes confrontos e tendo levado seu exército a sucessivas vitórias e algumas derrotas, ela foi encarcerada e acusada de bruxaria. Na prisão, antes de cada audiência, a sua consciência se manifestava corporativamente, questionando tudo o que ela fez, inclusive o seu “chamado”. Joana d’Arc lutava consigo mesma para convencer-se que o seu chamado não foi criado pela sua mente e que o ser divino a havia incumbido de liderar as batalhas.
Na Bíblia, temos Gideão (Jz:6.) com dúvidas sobre seu chamado, por causa da sua condição de não oferecer suporte para a missão que recebia. O grande Moisés (Ex:3.) também se queixou daquilo que ele acreditava ser uma barreira. Para um; um anjo apareceu. Para o outro; um matinho fumegante. E para você? Acho que nem anjo, nem espada, nem uma graminha em brasa… Nosso chamado não é espetaculoso. E nem igual, e nem poderia. Deus nos trata individualmente, mesmo em uma multidão de adoradores ministros e músicos ou num contexto universal. Nosso Deus nos deu uma identidade (individual e pessoal) e escreveu todos os nossos dias, embora compartilhemos o mesmo calendário alinhado com seu propósito cada um tem sua própria história.
Como saber se foi Deus?
A Bíblia é um livro perigoso, ouvimos teologias estapafúrdias “embasadas na Bíblia”, pessoas dentro de instituições históricas e emergentes usando como base um apanhado de textos bíblicos que – adaptados – dão apoio a seus desejos pessoais. Todos nós somos suscetíveis a esse tipo de conduta, porque o coração do homem naturalmente tem essa inclinação;
não há nada que engane tanto como ele. Jeremias 17.9 NTLH.
Sem o governo de Cristo testemunhado por outros discípulos incorremos no engano da autossuficiência. Se andarmos sozinhos, sem pessoas maduras para nos ajudar, fatalmente criaremos em nossa consciência um “Jesus” nos chamando para uma missão com muitos sinais incontestáveis.
Todos nós ouvimos e vemos ministros e músicos tentando realizar uma missão em nome de Deus pela força pessoal, pela carne, sem embasamento. Caso você não queira incorrer neste erro fatal, precisa desacelerar sua vontade de definir um desfecho. Por exemplo: Moisés entendeu que seu chamado seria defendendo o povo hebreu. Por um momento, um episódio aparentou ser um sinal: um irmão sendo afligido e necessitando de socorro. Ele não suportava essa injustiça, então achou que seria hora de agir, mas não foi. Algumas das características de pessoas recebendo um chamado na Bíblia é o TEMPO CERTO. Davi tinha o chamado de governar, quando o caminho ficou livre para o trono ele perguntou a Deus se chegou a hora de reinar:
Depois disto, consultou Davi ao SENHOR, dizendo: Subirei a alguma das cidades de Judá? Respondeu-lhe o Senhor: Sobe. Perguntou Davi: Para onde subirei? Respondeu o Senhor: Para Hebrom. 2 Samuel 2:1.
Por que não ir direto para Jerusalém? Não era o tempo de reinar em Jerusalém. Moisés recebeu oficialmente seu chamado quarenta anos após fugir do Egito, ou seja, nenhum texto citou que ele tinha recebido uma dica que seria o libertador. Davi recebeu uma unção clara diante da família que seria rei. Notou a diferença? Discernir o tempo de agir, mesmo quando já recebeu a unção (incumbência) ou tempo supõe ou pressupõe a isso.
Quando é o tempo de responder ao chamado?
Discernir é diferente de supor. Discernir é enxergar com os olhos do Espírito, e somente a maturidade te leva a isso. Maturidade não é ser um crente velho com muitos dias de evangelho. É possuir conduta em obediência e controle nas demais áreas da vida que denotem que o governo de Cristo está sobre si. Obediência não é nunca ter errado; é ser como Davi, ter um coração quebrantado. Oh, quanto engano existe nas prerrogativas para os ministros de hoje. Estes não sabem discernir, esperar, se humilhar ou conduzir outros a evidência a não ser a si mesmos. Estão comprometidos, em primeiro lugar, em se promover com o pretexto de ter um chamado para esta geração. Estão preocupados com o ouro e não com o santuário, são guias cegos (Mt. 23:17).
Movemo-nos passo a passo, Davi não subiu a cidade principal, mas foi para onde Deus mandou e esperou…
Fez Davi subir os homens que estavam com ele, cada um com sua família; e habitaram nas aldeias de Hebrom. 2 Samuel 2:3.
O que aconteceu lá? Davi desacelerou seu coração, se reciclou, teve tempo para se reinventar, ganhar saúde física e emocional, tempo de gerenciar uma nação como um trainee para o que viria: o governo principal.
O tempo que Davi reinou em Hebrom sobre a casa de Judá foram sete anos e seis meses. 2 Samuel 2:11.
Ser um instrumento com fundamentação para essa geração
Qualquer que seja a boa intenção jamais agradará a Deus e alcançará frutos dignos que ter Cristo como o centro de tudo. Já deveríamos praticar o conselho bíblico sobre de quem falar e o que falar. Mas muitos ministros e músicos fazem uma ótima propaganda da adoração, mas não do objeto da adoração. Grande parte está envolvida em promover a adoração com arte, mas não a quem adorar. Paulo dá um fundamento de extrema solidez:
Orem também por nós a fim de que Deus nos dê uma boa oportunidade para anunciar a sua mensagem, que trata do segredo de Cristo. Pois é por causa dessa mensagem que estou na cadeia. Colossenses 4:3.
Deus concede a oportunidade certa, sem ela é como jogar sementes no asfalto. No mesmo texto que traz um embasamento para a comunicação há o cuidado de obter máximo proveito da oportunidade, v4:
Portanto, orem para que eu faça com que o segredo de Cristo seja bem conhecido, como é o meu dever.
O segredo bem conhecido… Nada do comunicador, mas somente do comunicado. Nada devemos falar de nós, somente a revelação de Deus.
O curso de ministro bem fundamentado que Paulo ministra continua assim, v5-6:
Sejam sábios na sua maneira de agir com os que não crêem e aproveitem bem o tempo que passarem com eles. Que as suas conversas sejam sempre agradáveis e de bom gosto, e que vocês saibam também como responder a cada pessoa!
Podemos citar a sabedoria como um equivalente do discernimento para a maneira de agir com aqueles que nos ouvem e veem. Ministros e músicos que conhecem pouco da Palavra tendem a não despertar o coração do ouvinte a Cristo por não terem conhecimento de causa. São repetitivos e previsíveis, apenas atores representando personagens de piedade tentando convencer inconversíveis a um “evangelho raso e falso”. Para sermos ministros e músicos que impactam esta geração, a fundamentação é imprescindível. Num mundo onde a multidão é o objetivo e a ambição dos líderes, não influenciaremos se não discernimos a prática da última linha da aula de Paulo;
“que vocês saibam também como responder a cada pessoa.
Esta instrução remete ao discipulado pessoal, uma alvo diferente do desejo de ministrar as multidões. Frutos eternos nós teremos, se a nossa ousadia e o desejo de sermos instrumentos para essa geração aceitarem que o governo de Cristo é o único poder transformador.