Adoração ou tradição – Adhemar de Campos

Adoração ou tradição
"Vida de adoração implica numa relação de profundo amor ao Senhor e ao próximo (1Jo 4.20). Todo adorador é um canal de amor divino. Sobre o adorador repousa uma unção de amor, e onde ele está o ambiente é contagiado".

 

As Escrituras nos ensinam que adoração é algo extremamente importante para Deus (Jo 4.23). Adoração é a vida e o idioma do reino de Deus.

Ao nascermos de novo, somos introduzidos num reino de amor, que confere a cada um de nós uma marca inconfundível: o amor e o louvor (Cl 3.14-16).

Que maravilhoso é quando se vive a vida cristã nesta dimensão! Que tremendo é quando uma comunidade, uma família, um cristão tem esta experiência! Com certeza o testemunho cristão torna-se incontestável e a decisão por Cristo por parte dos incrédulos algo irresistível.

O Senhor tem-nos chamado para essa realidade de vida. Entretanto, nos deparamos com um contexto histórico que nos remete a um sistema “evangélico-religioso” que torna inviável a vida cristã autêntica. É nesse ponto que se confunde tradição com adoração.

Por falta de experiência real com o Senhor, “fabricamos” uma conversão e passamos a agir apenas “esteticamente” como verdadeiros cristãos. Nosso louvor nas reuniões segue o mesmo caminho. Fazemos tudo repetitiva e mecanicamente sem o vigor espiritual da igreja de Atos, cujo louvor resultava na concessão de muitos (At 2.47).

Consequências de uma vida religiosa (Mc 7.6-13)

  • culto de lábios (v.6)
  • coração distante (v.6)
  • culto vão (v.7)
  • ensino de homens
  • abandono dos mandamentos (v.8)
  • rejeição dos mandamentos (v.9)
  • invalidação da Palavra (v.13)

Adoração, planos de Deus paras nações

“E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e admiráveis são tuas obras, ó Senhor Deus Todo-Poderoso; justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos séculos” (Ap 15.3).

Deus criou o homem com um propósito definido: “…esse povo que formei para mim, para que publicasse o meu louvor” (Is 43.21). Devemos rejeitar todo o tipo de religiosidade e nos dedicarmos integralmente a uma vida de adoração ao Senhor.

Mas o que é adoração?

Adoração é culto ao Senhor (exclusividade)

“Então ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás” (Mt 4.10).

Jesus fora tentado pelo diabo no deserto. Usando a própria Palavra de Deus, o diabo procurava desviar o Senhor do seu propósito divino. Numa última tentativa frustrada, ouviu de Jesus a resposta registrada no verso 10. Na versão da Bíblia versão corrigida, aparece a expressão “só a Ele darás culto”.

Temos então na Bíblia a definição de adoração: adorar é dar culto a Deus. Culto é o resultado de atenção total e concentrada em alguém ou em algo. Culto a Deus é devoção exclusiva a Ele.

Todo objeto de culto tende a ocupar a mente, pensamentos e sentimentos do cultuados. Tende também a influenciar as atividades e ações deste.

A figura de duas pessoas apaixonadas ilustra bem o que é culto. Quando se está apaixonado, mal se vê a hora de telefonar, de encontrar-se com a pessoa amada, de ouvir sua voz, de segurar sua mão. O coração dispara quando se ouve a voz dela ao telefone.

Pois bem, quando estamos apaixonados pelo Senhor, mal vemos a hora de “telefonarmos” para Ele, de nos encontramos com Ele, de ouvirmos a sua voz, de segurarmos sua mão.

“A minha alma se apega a ti; a tua destra me sustenta” (Sl 63.8). O coração dispara quando ouvimos sua voz. “A voz do Senhor é poderosa; a voz do Senhor é cheia de majestade” (Sl 29.4). O verdadeiro adorador sabe o que é culto a Deus porque tem um coração apaixonado pelo Senhor: “Amo ao Senhor, porque Ele ouve a minha voz e a minha súplica” (Sl 116.1).

O verdadeiro adorador sabe que não existe hora marcada para cultuar a Deus. Todo o tempo é tempo de louvá-lo:

“Bendirei ao Senhor em todo o tempo; o se louvor estará continuamente em minha boca” (Sl 34.1). “Sete vezes ao dia te louvo pelas tuas justas ordenanças” (Sl 119.164).

Adoração é holocausto ao Senhor (totalidade)

Aos cem anos Abraão tornou-se pai, um tremendo milagre. Mal tiver tempo para curtir seu filho, recebeu uma ordem estranha: “Oferece-o em holocausto…

Abraão não questionou a ordem, antes, pelo contrário, obedece. Ele sabia do que se tratava. Pois no verso 5 diz: “havendo adorado tornaremos para junto de vós” (Gn 22.5).

No Velho Testamento, o holocausto se distinguia como o único sacrifício no qual o animal era totalmente queimado no altar. Tudo era consagrado ao Senhor:

“Dá ordem a Arão e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei do holocausto: o holocausto ficará a noite toda, até pela manhã, sobre a lareira do altar, e nela se conservará aceso o fogo do altar” (Lv 6.9).

Outra característica do holocausto é que era uma oferta voluntária:

“Se a sua oferta for holocausto de gado vacum, oferecerá ele um macho sem defeito; isto é, à porta da tenda da revelação o oferecerá, para que ache favor perante o Senhor” (Lv 1.3).

Era exatamente o que o Senhor queria de Abraão. A consagração de Isaque de forma total e voluntária, foi uma prova difícil… contudo lá foi Abraão com seu Isaque a quem amava, para oferecê-lo sobre o altar ao Senhor.

Depois de tudo pronto, no momento em que ia imolar seu filho, Abraão ouviu o anjo do Senhor bradado dos céus ordenando que não ferisse a Isaque. Abraão havia passado no teste. Aleluia! – Gn 22.10-12.

A experiência de Abraão nos ensina que para Deus ser glorificado tem que haver holocausto e para isto tem que haver sacrifício e para isto tem que haver morte.

Não há adoração sem holocausto, não há holocausto sem sacrifício e não há sacrifício sem morte.

Adoração > Holocausto > Sacrifício > Morte

Embora seja em pate uma experiência dolorosa, existe uma compensação extremamente gloriosa.

Abraão jamais imaginaria que seu ato de adoração resultaria em benefício a favor de Israel: “a tua semente possuirá as posas dos seus inimigos” (v. 17). Ao longo dos séculos o povo judeu tem sido preservado pelo Senhor.

Além disso, o maior benefício repousou sobre a humanidade, mais precisamente sobre as famílias da terra. Jesus é a semente de Abraão que abençoa todos os homens. Aleluia! (v. 18).

“Para que aos gentios viesse a benção de Abraão a Jesus Cristo, a fim de que nós recebêssemos pela fé a promessa do Espírito” (Gl 3.14).

Romanos 12.1 fala sobre o holocausto como um estilo de vida cristã. E este é o modelo de adoradores que devemos ser.

Adoração é uma linguagem de amor (Sl 18.1)

A primeira expressão do salmo 18, é uma declaração de amor. Davi é o autor da frase.

A relação que Davi tinha com o Senhor era baseada num profundo amor.

Não é por meus que ele teve o privilégio de ser chamado

“o homem segundo o coração de Deus”. “E tendo deposto a ele, levantou-lhes como rei a Davi, ao qual também, dando testemunho disse: Achei a Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade” (At 13.22).

Davi jamais seria o adorador que foi se não tivesse um coração carregado do amor de Deus. Todo o adorador é um depósito do amor divino.

Quem adora a Deus, o faz porque o ama. Deus é a razão da vida do adorador.

Davi tornou-se conhecido como um homem que também amava as pessoas. A Bíblia registra sua experiência nesse sentido com relação a Jônatas (1Sm 18.1).

Davi era amado por todo Israel e Judá (1Sm 18.16).

Vida de adoração implica numa relação de profundo amor ao Senhor e ao próximo (1Jo 4.20). Todo adorador é um canal de amor divino. Sobre o adorador repousa uma unção de amor, e onde ele está o ambiente é contagiado. Assim é no lar, no ambiente de trabalho, no grupo familiar, na congregação e em todo lugar.

“Graças, porém, a Deus que em Cristo sempre nos conduz em triunfo, e por meio de nós difunde em todo lugar o cheiro do seu conhecimento” (1 Co 2.14).

Esta a razão pela qual Deus procura verdadeiros adoradores (proskueno) – Jo 4.23. Homens por meio dos quais Seu amor e Sua glória fluirão abençoando, curando e enchendo a terra.

Sejamos a resposta a essa procura de Deus!

Por: Adhemar de Campos 

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