O que é música?

O que é música?

De acordo com o dicionário, música é a arte de combinar os sons. Analisando esta frase de forma sintática podemos entender a música primeiramente como um processo físico, ou seja, ondas sonoras que se propagam no meio, mas que só faz sentido se ordenado dentro de um conjunto de significados que se relacionam diretamente com o ambiente cultural, o qual podemos obter por meio do estudo da teoria musical. Contudo, precisamos entender que o estudo da teoria musical realizado de forma isolada não nos garante o entendimento dos significados que a música transmite. É necessário que nos aproximemos de outras áreas de conhecimento que se relacionam direta e indiretamente com a nossa arte. Precisamos entender o que a música e seus aspectos representam no meio cultural em que estamos inseridos, observando suas relações com os aspectos sociais, econômicos, antropológicos, filosóficos e metafísicos. Mas mesmo que alcancemos uma combinação satisfatória dentro das convenções musicais estabelecidas, e o entendimento do papel da música na sociedade, essa música só irá se tornar arte pelo empenho do artista. Logo, a música se torna arte pelo fato de ser feita pelo artista. Com isso concluímos que a música é um fenômeno humano, feita por pessoas para pessoas.

A música pode ser dividida em três partes: melodia, harmonia e ritmo. Utilizamos normalmente essa divisão para fins pedagógicos e também e para uma mais fácil compreensão da música em sua apreciação, bem como das funções dos instrumentos dentro de grupo musical. Porém, é importante ressaltar que na prática essas três partes se fundem de forma concisa, o que torna muitas vezes impossível separá-las, não de forma teórica e mesmo pragmática, mas no sentido do todo musical enquanto linguagem e expressão artística.

Melodia é a sucessão de notas que contém um sentido musical. De uma forma mais simples, é a parte musical que é possível cantar.

A melodia portanto, é o que faz a música ser música em sua forma plena. Atente para o que escreveu Roger Scruton:

As melodias têm começo, meio e fim; elas começam e continuam até parar; elas têm identidade individual e atmosfera, podem ser combinadas e desenvolvidas segundo sua lógica interna; podem ser desmontadas, amplificadas, aumentadas e diminuídas. Elas são aquilo de que a música é feita, e, a menos que seja capaz de identificá-las, você será surdo para o sentido da música.

Harmonia é a execução de vários sons simultâneos; é o agrupamento de sons musicais. Aqui a combinação, ou agrupamento dos sons vê-se obrigado a respeitar certas leis que regem o estudo da harmonia dentro dos padrões culturais estabelecidos.

É importante ressaltar que a harmonia não é um componente a parte da melodia. Todo motivo melódico está carregado de um sentido harmônico inerente a si mesmo. Podemos concluir, portanto, que a harmonia é só a constatação, análise e execução de sons simultâneos que condizem à idéia melódica.

Ritmo é o movimento dos sons regulados pela sua maior ou menor duração. Podemos afirmar que o ritmo é o aspecto primitivo da música, pois é a pulsação num sentido somático que antecede a freqüência elevada que gera o som musical que forma uma melodia e posteriormente uma harmonia.

Da mesma forma que podemos afirmar que não existe música de forma plena sem a existência de uma melodia, esta não existe independente de uma divisão rítmica, pois os sons da melodia possuem durações bem definidas.

É importante ressaltar também que embora o groove, ou levada, de uma determinada peça musical seja uma construção rítmica, essa construção funciona como base estrutural para execução da melodia, podendo trabalhar numa espécie de contraponto rítmico em relato à melodia.

Notas:

  1. Para entender melhor sobre este assunto ver Alan Merrian, The Anthropology of Music, de 1964
  2. 2. Scruton, Roger, O Rosto de Deus, São Paulo: É Realizações, 2015, p.100,101.

Por: Samuel Fratelli. 

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