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28 de maio de 2021Nas várias expressões dos nossos discursos, relacionamentos, sociedade e cultura; temos a palavra “amor” como o motivo e causa, mas qual o seu real sentido?
Se de fato temos vivido com nosso ponto de partida no amor, por qual motivo ainda vemos tantos erros e problemas relacionais em nosso cotidiano, nas ruas, nas amizades, casamentos, famílias e etc? Para essa pergunta posso sugerir uma resposta, podemos estar nos baseando em um “amor” não verdadeiro, distorcido do original. Se for mesmo diferente do original, precisaremos então resgatar nossa consciência e atenção à origem deste. Vamos, então, para o início de tudo.
Antes que houvesse o universo, antes que se movesse o mínimo átomo de matéria cósmica, antes que emergisse a primeira réstia de inteligência, antes que começasse a haver tempo, o Pai, o Filho e o Espírito Santo estavam em si em erupção vulcânica de vida e de amor. Existia a Trindade imanente. Nós como criaturas, filhos e filhas, existíamos em Deus como projetos eternos, “gerados” pelo Pai no coração do Filho com o amor do Espírito Santo” — Leonardo Boff
Em breves palavras, Leonardo Boff nos conta sobre a Trindade (Deus) sendo não somente a origem, mas a própria ignição, realização e operação, o próprio processo, a própria definição do Amor. Vamos olhar o que diz o apóstolo João: “No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus e era Deus. Ele estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito. Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens” João 1:1-4; “Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele” 1João 4:9. João foi discípulo de Jesus e nos comprova a autoridade de tal revelação, Deus é Amor (1João 4:8b) e este foi revelado por meio do Filho e operado pelo Espírito Santo. Esta é a história da ciranda eterna: Deus em seu ser Triuno, perfeitamente eterno e completo, exerce a comunhão e relacionamento entre Sí, o qual podemos chamar de amor. Este amor eternamente perfeito emana de Sí, pronto para ser derramado, então, a partir disso, Deus então dá processo à Gênese (grego: origens, princípios – hebraico: no princípio), pronta para fazer parte, pertencer e permanecer nesse amor. O que João também nos conta é que: “Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam” João 1:10-11. Após a queda (Gênesis 3), a disposição do coração e mente humana passou a ser egoísta e orgulhosa. Uma vez perdida a referência e comunhão com o Amor perfeito, nossa humanidade tende a se adaptar e se deformar com o padrão de referência perdido. Vemos então a criatura em sua primeira fuga do Criador e este indo os procurar. A partir daí temos a continuidade de nossa história como humanidade, tentando se resolver e ir em direção a algum lugar, às vezes contando com o auxílio de Deus e Sua direção, às vezes confiando em suas próprias estruturas em meio às guerras, imoralidades e inúmeros pecados.
Com esse breve panorama podemos começar a compreender o que o Amor é, e o que não é. Fomos criados para amar, conviver em amizade e comunhão com o Criador e toda Sua criação. É inevitável viver na busca pela comunhão sincera com o Deus Triuno e nossos relacionamentos não serem saudáveis. A ciranda trinitária do Pai, do Filho e do Espírito nos ensinam sobre amizade, cooperação, sujeição, afeto, unidade, mutualidade e uma vasta gama de qualidades relacionais e pessoais. Se uma pessoa possui dificuldades nos relacionamentos e vínculos com outras, esta tende a transformar a sua relação com Deus em algo também difícil.
“Se alguém afirmar: “Eu amo a Deus”, mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.” 1 João 4:20
Compreende-se da mesma forma que se o conceito, ideia e experiência de amor que temos não for o genuíno, estaremos fadados a relacionar com Deus de uma forma prontamente falsa, enganando a nós mesmos e adorando outro ser e não Deus. É importante ressaltar aqui uma grande verdade: Deus nos conhece, por meio do Seu Espírito Santo sonda nossos corações, mesmo em nossa tendenciosa apatia por conhecê-Lo. É sabendo da impossibilidade do nosso coração em voltar para o coração dEle, que Deus Pai enviou Seu Filho, revelando o Seu próprio amor com perdão, salvação e abrindo o caminho para a operação do coração do Pai no nosso pelo poder do Espírito. Assim é a grande referência do amor ao qual devemos nos apegar e compartilhar, um amor verdadeiro que extrapola e recai sobre o próximo, que se preocupa e edifica, que corrige e redime. Cristo veio trazendo e ensinando o real sentido do amor, tempos depois de Sua morte, ressurreição e ascenção; Paulo faz sua declaração em 1 Coríntios 13 sobre este caminho excelente, esclarecendo que por mais que façamos as coisas exemplares, tenhamos dons e grandes conhecimentos, se não estivermos revestidos e preenchidos em nossas motivações e intenções de amor, nada conseguiremos ser de verdade.