Seus Cultos de Adoração Estão de Cabeça Para Baixo?

Seus Cultos de Adoração Estão de Cabeça Para Baixo?
"Eu sei, eu sei. Muitos de nós viemos de igrejas com experiências duras onde a doutrina era tudo que importava, e as pessoas eram frias ou ásperas ou não se importavam com seu próximo. Essa é outra forma de estar de cabeça para baixo."

Nossas reuniões de adoração na igreja devem ser acolhedoras e compreensíveis para os incrédulos que estiverem presentes, mas, na verdade, muitas igrejas estruturam o culto inteiro em torno deles. Não há precedentes bíblicos reais para isso, e além do mais, não é a maneira mais eficaz para que sua igreja alcance os perdidos, de qualquer forma. Se sua igreja orienta a reunião semanal de vocês a partir de “alcançar os que buscam”, é bem possível que ela tenha adotado algumas das suposições que funcionam delineadas abaixo, arranjos programáticos sobre os quais quero discutir, que na realidade viram de cabeça para baixo a forma bíblica do evangelismo e da missão.

Como seus cultos de adoração podem estar de cabeça para baixo?

1. Enfatizando sentimentos em lugar da doutrina e mais do que ela.

Eu sei, eu sei. Muitos de nós viemos de igrejas com experiências duras onde a doutrina era tudo que importava, e as pessoas eram frias ou ásperas ou não se importavam com seu próximo. Essa é outra forma de estar de cabeça para baixo. Entretanto, hoje em dia, em muitas comunidades evangélicas, vemos que a teologia e a verdade doutrinária são menosprezadas para dar lugar aos sentimentos pessoais e às conexões de relacionamentos. Os problemas desta abordagem são numerosos, mas os dois problemas principais que eu citaria são estes:

– Sentimentos sobre Deus separados do conhecimento de Deus tendem a revelar mais que somos adoradores de sentimentos, de nós mesmos.

– Outro problema igualmente sério talvez seja esperar que pessoas perdidas cantem músicas sobre seus sentimentos em relação a um Deus que elas não creem. Muitos dos nossos conjuntos de adoração de domingo pela manhã “põem o carro” das afeições “na frente do boi” da crença.

Isso tudo além do problema persistente de cantar canções teologicamente rasas ou sem conteúdo doutrinário, para começar. Entretanto, em termos de estratégia missional ou evangelística, ajudar pessoas a cantar sobre como o Deus que elas (ainda) não conhecem as faz sentir é equivocado. Está de cabeça para baixo.

2. Dando dever de casa religioso para pessoas perdidas.

O estilo dominante de pregações nos cultos de adoração chamados de “atrativos” ou “orientados aos que buscam” é a variedade da “aplicação prática”.  Nesses sermões, os pregadores tentam tornar a Bíblia mais relevante (como se fosse irrelevante de alguma forma, sem nossa ajuda), mas oferecendo um conjunto semanal de passos ou dicas para tornar o Cristianismo mais aplicável à vida cotidiana. Você verá frequentemente sermões individuais ou séries inteiras de sermões devotados a “Fazer com que a Vida Funcione” ou “Obter Sucesso em Casa” ou “Tornar-se um Qualquer Coisa Melhor.”

É claro que isso não significa que a Bíblia é apenas teórica ou que não há muitas coisas para fazer na Bíblia. A Bíblia tem muitos comandos! Ela é iminentemente prática e aplicável à vida cotidiana. O problema que enfrentamos, entretanto, é o de que o aspecto prático do Cristianismo visa apenas…os cristãos. O que quero dizer é que a expectativa de obedecer e agradar a Deus é colocada sobre aqueles que têm tanto um coração mudado que deseja obediência, quanto o poder Espiritual para fazê-lo.

No ensino orientado aos que buscam, porém, direcionamos uma firme dieta de “como fazer” a pessoas que ainda têm que receber um coração para querer fazer. É claro que os incrédulos devem ouvir os comandos e as aplicações dos desígnios de Deus. Contudo, o impulso primário que essa aplicação da lei causa nos incrédulos é o de convicção, não de capacitação. Na verdade, os comandos da Bíblia – quer sejam da variedade “não cometa adultério” ou da variedade “ame seu próximo” – não têm poder em si mesmos para nos ajudar. Eles apenas podem nos dizer o que fazer (ou o que não fazer); eles não podem nos ajudar a cumpri-los.

A única coisa que a Bíblia chama de poder (para nos salvar, transformar e motivar) é o evangelho de Jesus Cristo. Então, é um pouco estranho fazermos com que a coisa dominante que as pessoas ouvem em nossos cultos na igreja é uma lista de coisas para fazer ao invés da coisa que está feita!

Se seu ensino no final de semana está carregado de “como fazer” para os perdidos, você está dando dever de casa religioso para um monte de cadáveres espirituais. Você pode até mesmo estar aumentando o pecado em sua igreja com tal prática. Independentemente, isso está de cabeça para baixo, filosoficamente e teologicamente.

3. Oferecendo um convite ao evangelho após uma mensagem sobre a lei.

Provavelmente, essa é uma das principais maneiras da igreja atrativa virar de cabeça para baixo em suas pregações no final de semana. O pastor passa de 30 a 45 minutos encorajando uma pessoa perdida a fazer um monte de coisas que agradam a Deus, e depois adiciona um convite para receber Jesus.

Esse tipo de mensagem carregada da lei com a adição do evangelho cria uma espécie de chicotada espiritual, como o pregador então convida alguém a crer em algo que ele não passou muito tempo comunicando e, na verdade, gastou a maior parte de seu tempo operando como se isso fosse desnecessário. Como disse acima, a Bíblia supõe que o tipo de obediência a Deus que o agrada acontece após nossos corações terem sido mudados pela graça. Uma simples modificação de comportamento religioso não glorifica a Deus; ela glorifica a própria pessoa. Parece ser desarticulado e estranho se pregamos um sermão sobre modificação de comportamento, e então tentamos convidar as pessoas a receber a graça. É como se você repentinamente mudasse o assunto.

Lembro-me de ouvir um pastor bem conhecido, da corrente de pregações atrativas, que pregou um sermão direcionado a mulheres no qual ele disse muitas e muitas vezes que Deus acha-as cativantes. (O tom da mensagem soava como se Deus prestasse adoração às mulheres.) Em seguida, no final, em seu convite para receber Jesus, ele disse que Deus cobriria a feiura e a vergonha delas. Foi uma mensagem estranha, colada em um sermão no qual ele argumentou com detalhes excessivos o fato de que Deus acha as mulheres lindas e cativantes, apenas para então descobrirem que Deus as acha feias e que elas precisam dele.

Esse é um exemplo extremo, mas acredito que seja apropriado, levando em conta todas as atuais pregações evangélicas que tratam os ouvintes como se eles fossem “bons o bastante, inteligentes o suficiente e, nossa, como as pessoas gostam deles,” como se fossem flocos de neve lindos e únicos com potencial interminável; e, em seguida, de alguma forma, essas pregações transitam para o vazio e a necessidade interior que temos quando afastados de Deus. Espera um minuto, pensamos, Você acabou de falar mais e mais sobre como sou incrível. Agora você está falando que não sou? Está de cabeça para baixo.

Essa espécie de arranjo de sermões também está desproporcional em relação ao ensino bíblico. Nas cartas de Paulo, por exemplo, ele sempre começa com algum tipo de proclamação do evangelho; essa proclamação é proporcional (em termos de comprimento) ao próprio tamanho da carta. Assim, por exemplo, em Romanos, a história do evangelho ocupa mais capítulos do que em Colossenses ou Filipenses. Em seguida, ele procede para os assuntos práticos, porque os assuntos práticos fluem do fundamento da nossa justificação. Fazer flui do ser. Mas em meio a todo esse ensino que busca apenas atrair, o convite colado parece fazer do ser uma reflexão tardia em relação ao fazer.

Está de cabeça para baixo.

Por: Jared C. Wilson. Copyright © 2016 The Gospel Coalition. Original: Is Your Worship Service Upside Down?

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