Luciano Subirá – Fascinados por Jesus
9 de abril de 2020Com quem eu me identifico nessa quarentena? Marta, Maria ou Lázaro?
14 de abril de 2020O Sangue de Jesus é o principal elemento da nossa redenção, porquanto não haveria perdão de pecados sem o derramamento do Sangue de Jesus (Hb 9.21-24). Silenciosamente, algo obscuro transmite o reflexo ambíguo de que falar muito de sangue destaca a crueldade e privilegia o que é repulsivo e não o fundamental que é resultado do derramamento de sangue, a redenção. Em decorrência desta impressão, muitas pessoas rejeitam o que chamam de ‘louvor sensacionalista’ que usa a imagem do horror para causar impacto.
Por isso preferem temas suaves ou de composição antropocêntrica. Falar do Sangue é enaltecer a vida. Observe os altares das nossas igrejas, como são muito bem arrumados e iluminados. Muito diferente do altar do tabernáculo, onde só havia pedaços de animais retalhados, sangue em extrema quantidade e um acentuado cheiro de carne fresca, sangue e fumaça.
Quando as pessoas voltavam após a cerimônia dos sacrifícios, aquela experiência vivenciada era registrada na memória de cada um. Aquele evento era um símbolo de perdão, e em consequência disso propiciava alívio (transitório), no ano seguinte as pessoas retornavam para repetir e reviver tudo novamente.
“Se as pessoas que adoram a Deus tivessem sido purificadas dos seus pecados, não se sentiriam mais culpadas de nenhum pecado, e todos os sacrifícios terminariam. Em vez disso esses sacrifícios, realizados ano após ano, servem para fazer com que as pessoas lembrem dos seus pecados. Pois o sangue de touros e de bodes não pode, de modo nenhum, tirar os pecados de ninguém.” Hb 10.2-4.
O Sangue de Jesus quitou todas aquelas promessas de pagamento, e hoje nós não retornamos ao altar nos sentindo mais culpados ainda. E por isso nosso altar está belo, iluminado, limpo e cheiroso! É um dever de gratidão falar do Sangue de Jesus, e também uma arma de vitória para a Igreja verdadeira.
O Sangue de Jesus nos faz lembrar de que somos pecadores
Quem sabe, não seja este também um dos motivos de não haver muitos cânticos que faz referência ao Sangue de Jesus? Pois que, ele faz lembrar-nos disto, de que somos pecadores. Talvez não seja possível evitarmos cometer falhas ou pecados, porém não devemos deixar que estes se tornem nosso estilo de vida. Temos a tendência de procurar pelo caminho que não nos fale de renúncia, arrependimento ou contra o nosso ego. Mas preferimos as fantasias que acalentem nossos desejos materiais e emocionais.
Fale-me imediatamente de alguns cânticos que possuem este tema? Talvez você diga: “O Sangue de Jesus me lavou e Nada além do Sangue, são os mais lembrados. Tem também Pelo Sangue…” Agora faça uma lista de temas sobre ‘fogo pentecostal’, ‘adoração’ e ‘conquista’? É ligeiramente fácil cinco de cada tema. Cá entre nós, que somos pessoas ligadas ao louvor e adoração, podemos afirmar que alinhamos a nossa busca aos pregadores que falam sobre ‘unção residual’ ou ‘adoração exótica’ e outras bizarrices sobre adoração. Eu mesmo, também, tenho uma pregação sobre ‘adoração gravitacional’.
Confesso, realmente é um impulso relacionado com o do nosso perfil o desejo de passear em contextos que despertam nossa imaginação, e para dar credibilidade chamamos isto de revelação. Não passariam pelo fogo muitas de nossas obras (1 Co 3.13-15) quando substituímos princípios por impressões. Eu frequentaria por muitos dias um seminário de louvor ouvindo sobre descobertas teológicas da adoração.
Adoração Transgênica que pouco fala do Sangue de Jesus
Sem arrependimento de pecados não existe adoração, só podemos adorar a Deus se tivermos os pecados perdoados. Ele garante que teremos os pecados perdoados (1Jo 1.9). A Bíblia me ensina a direção, sobre decidir e o que valorizar. Mas o que há de errado então? Por que os nossos cânticos registram aproximadamente ‘extinto’ o tema Sangue de Jesus? Eu atribuo isto também ao desenvolvimento humano. O homem evolui naturalmente, a escrita evolui, a música, a igreja etc. E a função didática da adoração (transgênica) não corrige a escala de valores causada pelo efeito colateral desta evolução. Porquanto, nela mesma, na adoração da igreja é inserida outras espécies de variáveis. Um exemplo simplório é a influencia de um conceito conhecido; “isso não tem nada a ver”. A dupla negação – ‘não’ e ‘nada’ – não só mantém o sentido negativo da frase, como o reforça, enfatiza e convence. Esta é uma interferência negativa poderosa.
Quantos ‘marcos já foram removidos’ (Pv 22.28) com esta frase de argumentação? Se não este, é com outros termos teológicos modernos bem construídos, ou por mentes carnais e infantis ou por desejos comerciais. A evolução promove uma reengenharia comportamental do nosso meio – dentro da igreja. A adoração é recombinada com múltiplas fusões culturais decorrentes do acúmulo e distribuição de informações. Nem toda informação é construtiva. Assim chegamos a uma adoração não Bíblica. Pode ser atraente, admirável, estética, contemporânea e sinalizar uma tendência futurística, contudo é um sofisma. Isto é, se parece com a verdade, mas não é a verdade. Por vezes feita propositalmente com o objetivo de produzir a ilusão da verdade. Ou, por ser a verdade custosa demais para ser praticada opta-se por criar um conceito falso e substituto. Podemos nos desenvolver, contudo sem remover os ‘marcos antigos’.
Um louvor paralelo ao Sangue de Jesus
A adoração, como dita inúmeras vezes, também tem a função de corrigir nossas prioridades, a nossa escala de valores. Podemos escolher o que priorizar e quando. Mas a nossa natureza carnal resiste em nosso interior, promovendo dor e agonia, e assim força-nos a desistir do caminho da cruz. A nossa natureza carnal nos mostra uma alternativa, outro caminho paralelo. Assim convence-nos que há como seguir em frente sem que tenhamos que nos arrepender completamente e profundamente. As alternativas são bem construídas, ordenadas e repetidas tanto que se trasvestem de verdade. Assim, transmitem o seguinte comportamento diante de Deus: “De que não há, se quer a necessidade de pedir tanto perdão, porque já fomos perdoados de todos os nossos pecados.” Ensinam que é permitido entrar na presença Dele do jeito que se está, sem arrependimentos, sem confissão. Fazem isto tantas vezes até inculcarem que um pronunciamento semelhante a este, “Senhor, tu conheces o nosso coração” é aceitável para Deus como um pedido de perdão. Citam referências à Bíblia, no entanto, seguem em frente sem frutos de arrependimento. Mesmo que no relato bíblico João Batista não especifique extensivamente o que venha ser este ‘fruto’ (Mt 3.8), é irrecusável a ideia que seja aquilo que chamamos de conversão verdadeira, abandonar o pecado sem desculpas.
O poder do Sangue de Jesus no louvor
O que estão ensinando aos nossos grupos de louvor? De como levar as pessoas à presença de Deus, ou como sentirem-se atraídos à igreja? De como se livrarem do pecado e alcançar uma vida santa ou emocionarem-se com a musicalidade da igreja? Arrependimento é doloroso, mas é o único caminho para o alívio e para a presença de Deus. Mas não é um tema que atraia as pessoas à igreja. Os inumeráveis problemas de relacionamento, pessoas melindrosas, pecados sexuais, lutas pelo poder e outras falhas dentro da igreja são devidos à teologia do ‘eu tenho direitos’. Se Cristo não teve direito algum (Fl 2.6), o que dizer de nós? A igreja envenena-se a si mesma com um evangelho transgênico que produz uma adoração transgênica causando doenças incuráveis como consequência.
Conquistar’, ‘vencer’ e ‘humilhar os inimigos’ tem sido a busca e o tema de louvor de uma parte da igreja brasileira. Outra parte está empenhada no louvor ‘cult’, ‘cívico e altruísta’ ou em ‘estruturas musicais e poesias complexas’. Outra parte, formada de pessoas atraídas pela ‘adoração transcendental’, estão desesperadas por uma presença que já foi dada no pentecostes. Todos nós, eu também, queremos intensificar todas as nossas experiências, desejos e aspirações, ao invés de, antes de todos e tudo, parecermos com Cristo. É por isso que está quase extinto o poderoso e precioso Sangue de Jesus em nossos louvores. Queremos o poder da libertação, mas resistimos o arrependimento. Não vencemos o mal, seja qual sua fonte, sem o Sangue de Jesus. Somente no Sangue há libertação do pecado, não é na cruz, nos pregos, na coroa de espinhos, na igreja, no louvor ou na pregação, mas somente no Sangue de Jesus. A Bíblia encerra a história contando que
“Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro” (Ap 12.11).
Não vamos errar mais, o que pode nos dar a vitória não são as nossas pressuposições teológicas, mas o poderoso Sangue de Jesus. Deixe que o impacto generoso do horror de todo o evento da Cruz chame a atenção do mundo! Coloque-o como tema nos seus louvores e ensine a Igreja cantar e viver isto. O Sangue de Jesus…
Por: Ricardo Corrêa