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14 de setembro de 2017As Artes e a Reforma Protestante
Neste ano, onde os quinhentos anos da Reforma são comemorados, o Cristianismo esta em tempo de repensar muitos conceitos, atitudes, ações e compara-los ao “manual de vida” do cristão, a Bíblia.
A reforma de Lutero, Calvino e outros, aconteceu no inicio do século XVI. Antes da reforma, coisas incríveis estavam acontecendo no meio da Igreja, no Papado (estrutura presente na Igreja Romana) que se travestia de governo espiritual e politico ao mesmo tempo, mesclando governo e religião, politica e espiritualidade, controle e interpretação tendenciosa das Escrituras.
A proposito, a Biblia não podia ser acessada por qualquer pessoa pois era escrita em latim, e só aqueles com formação erudita e conhecedores da língua poderiam ter acesso a Verdade!
Por exemplo, João Wicliffe (séc. XIV) condenava a corrupção do Clero e reclamava a autoridade da Biblia acima da autoridade dos papas e dos concílios!
Depois dele, veio John Huss, sacerdote e professor na Universidade de Praga, no século XV, que foi queimado em praça publica pelos clérigos da época, por encabeçar uma campanha para que a Bíblia pudesse ser traduzida para outros idiomas!!!
Mas, ser perseguido e morto por essas razões?
Ainda no século XV, a Inquisição espanhola foi uma das maiores atrocidades sobre o que se chamava de Cristianismo…pessoas torturadas com base em princípios “ legalistas, falsificados e inventados” em face da ignorância das Escrituras pelo povo, por impossibilidade de acesso aos textos sagrados e de autodefesa diante dessas violências da mente e do corpo!
Adicione-se a esse contexto, o descobrimento da América (1492) e depois do Brasil em 1500 (nessa época Martinho Lutero teria 17 anos e estudava Direito), a reconquista da Espanha que estava nas mãos dos muçulmanos, com força nas rotas marítimas encabeçadas por ela e Portugal e, posteriormente, as indulgências, que correspondiam ao “pagamento com dinheiro ao Clero, para limpar os pecados”!
Nisso, surge Lutero, na idade de 34 anos, criando uma nova revolução ao colocar, na porta da igreja na qual pregava em Wittenberg, suas 95 teses, as institutas, que seriam hoje, um modelo da revolução biblica contra o Estado/Igreja e seu controle humano perverso em nome de Deus!
O início da Reforma Protestante
Assim, inicia-se a Reforma Protestante!
Nesse tempo surge a Renascença com a redescoberta de valores, e as artes tomam uma forma diferente. Florença e Siena tornam-se importantes centros artísticos visitados até hoje pelo mundo inteiro! Também nessa época, Michelangelo (que esculpiu a famosa estatua de David, rei de Israel), Leonardo Da Vinci, Nicolau Copérnico, que foram revolucionários no uso das artes (diz-se que Da Vinci até compôs canções, além de todo seu trabalho cientifico, artístico, de Engenharia, de Desenhos). Impossível não acreditar que esses homens receberam capacitação e dons do Pai das Luzes para seu trabalho, “reformando” e renovando a expressão e conceito das artes.
A Reforma e a sua teologia também encontraram sua inspiração na Renascença que volta as Escrituras traduzidas, em contexto original, sendo impressas primeiramente na Alemanha (com a descoberta da imprensa por Gutemberg) e depois se expandindo sem limites para todo o mundo da época.
A internet de hoje, vem no caminho da imprensa escrita de quinhentos anos atrás!
A arte gráfica de hoje, vem dos desenhos mágicos proporcionais, e divinamente inspirados de Da Vinci, pelas pinturas da capela Sistina em Roma de Michelangelo, que trazem ainda hoje, inspiração e ensino para aqueles que usam pincéis para esboçar seus sentimentos. Tudo que se tem hoje nas artes, em qualquer setor, vem influenciado por esses pilares, por essa história, que parecem não ser muito lembrados entre os artistas cristãos modernos.
O primordio da Adoração
Você sabia que Martinho Lutero, para popularizar o canto nas igrejas (que só cantavam em latim, sem entender uma palavra…) como adoração compreensível dos homens a Deus, usou uma melodia popular cantada nos bares da Alemanha para colocar nela a letra inspirada do famoso hino “Castelo Forte” que cantamos nas nossas igrejas até hoje?!? Você criticaria ou aceitaria essa iniciativa de “popularizar” a Adoração?
Creio que hoje há muitos artistas cristãos que são (e serão) desafiados a usar suas artes a serviço do Reino, com base bíblica verdadeira (não consumista, não falsamente próspera nos seus princípios), não vendedora de sonhos indulgentes, mas libertadora, pois a Verdade liberta! Arte que revela a pureza e justiça de um Pai amoroso, mas justo; que ama, mas corrige; que inspira, mas pede compromisso de vida!
Seria este um tempo de Reforma da Igreja? Reforma do coração? Reforma das artes? Reforma da vida e valores cristãos?
Bem, as artes poderiam muito bem servir-nos hoje a essa finalidade, como serviram quinhentos anos atrás!
Gerson Ortega