Tenho certeza que o tema deste artigo despertou muitas cognições e imaginações quase místicas em sua mente e coração.

Mas não vou tratar do uso de uma técnica, um rudimento ou mesmo de um ritmo específico que contenham em si poderes sobrenaturais capazes de abrir um portal espiritual por onde os anjos do Senhor passarão trazendo os tesouros e bênção dos céus (não usei virgulas de propósito rsrs).

Ao contrário disto, quero explorar uma disciplina que não está limitada a função rítmica na música para entendermos a função espiritual que o baterista tem no momento da adoração coletiva.

O Propósito Central

Como músicos cristãos, cada atitude, pensamento, desejo e ação tem um propósito claro e objetivo. Glorificar a Deus.

O apóstolo Paulo diz:

Romanos 11: 36. Porque todas as coisas são dEle, por Ele e para Ele. A Ele seja a glória eternamente! Amém.  – Almeida 21

Deus determina categoricamente através de Isaías 42:8 Eu sou o Senhor; este é o Meu nome. Não darei a Minha glória a outro, nem o Meu louvor às imagens esculpidas.

Em Efésios vemos:

Efésios 1: 11. Nele também fomos feitos herança, predestinados conforme o propósito dAquele que faz todas as coisas segundo o desígnio da Sua vontade, 12. a fim de sermos para o louvor da Sua glória, nós, os que antes havíamos esperado em Cristo.  – Almeida 21

Temos ainda:

1 Coríntios 10: 31. Portanto, seja comendo, seja bebendo, seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus.

Estas realidades tendem a fugir do nosso horizonte principalmente quando nos concentramos (corretamente diga-se de passagem) na execução da música.

Entretanto, nosso primeiro propósito e objetivo como cristãos é glorificar a Deus e tornar esta glória o alvo da nossa excelência.

O erro está em se eximir da responsabilidade de glorificar a Deus no culto, porque abraçamos a ideia de que esta responsabilidade é função exclusiva do líder de louvor e nossa função é só tocar bem e deixar as coisas fluírem.

Mas “somente” tocar bem nos classifica como servos inúteis que só fazem o que lhes foi mandado como se isto fosse suficiente.

Não!!!

Somente fazer bem o nosso papel, com técnica apurada e precisa, não é suficiente e não glorifica a Deus.

Deus nos chama para sermos mais do que bons executores. Ele nos chama para manifestarmos Sua glória.

E como nós bateristas podemos e devemos fazer isto?

Em primeiro lugar devemos desenvolver comunhão com Deus através da leitura diária das Escrituras, orações particulares e em comunidade. Lembre-se que antes de ser músico, você é membro do corpo de Cristo e por isto deve participar ativamente da vida da igreja.

Por meio destas disciplinas Deus fala conosco, revela a Si mesmo a nós, ilumina nosso entendimento, nos mostra Seus planos e propósitos, transforma e direciona nossas vidas, resplandece Seu rosto sobre nós e manifesta Sua glória.

O resultado desta comunhão se refletirá em todas as áreas da nossa vida, inclusive no momento em que tocarmos.

Como isto funciona comigo?

Procuro exercer com fidelidade minhas disciplinas espirituais sem ter como propósito final uma ministração específica, mas sim a minha comunhão com o Deus vivo.

No exato momento em que escrevo este artigo, estou lendo a carta de Paulo aos Romanos. Ao ler os capítulos e versos, oro para que o Espírito Santo me ajude a entender o que Deus quer me falar e clamo para que me ajuste às verdades expressas no texto bíblico.

É maravilhoso e transformador como Ele trata, corrige, confronta e molda nossas vidas através de cada viva palavra. Isto me faz conhecer mais a Deus e Seus propósitos para cada dia da minha semana.

No final de semana, quando toco na igreja ou em qualquer outro dia que toco (isto na verdade ocorre em todas as atividades que exerço também), aquelas verdades reveladas e transformadoras saltam poderosamente em meu coração e me levam a executar a música com o desejo intenso de que elas alcancem o coração e a vida de quem estiver ouvindo da mesma forma que tiveram efeito transformador em minha vida.

Pensando no ambiente de culto.

Vamos tomar como base a leitura e meditação em Romanos 10 e os versos 1-4 foram os que Deus mais usou para falar comigo e me trazer esclarecimento. Por meio da leitura e meditação, uma paixão arrasadora despertou meu coração (Isto não é hipotético. É real).

Por meio destes versos fui conduzido a desejar e suplicar por salvação de vidas e por um desejo intenso de que as pessoas entendessem a justiça de Deus e como ela é efetiva em nossas vidas por meio da obra redentora de Cristo.

Antes da reunião começar, o líder de louvor naquele domingo comunica aos músicos que o Espírito Santo o conduziu a cantar sobre os atributos de Deus.

Muito bem! Será que pode existir um conflito entre o que Deus ministrou ao meu coração e o que Ele ministrou ao coração do líder de louvor? É claro que não.

A doutrina bíblica nos ensina, por exemplo, que a justiça é um atributo de Deus. Sabendo disto, cada música que eu tocar, vou expressar meu desejo de que cada pessoa na igreja conheça a justiça como um atributo de Deus. O Espírito Santo usará esta inspiração para despertar e influenciar a igreja.

Assim a igreja é edificada tanto com a inspiração da letra das músicas escolhidas como pela motivação e inspiração que me leva a tocar centrado nas revelações de Deus ao meu coração.

Concluindo.

Mesmo tocando uma bateria (isto se aplica a todos os músicos e obreiros é claro) os frutos que devemos apresentar, devem ser os que resultam da nossa comunhão com Deus refletida na execução do nosso instrumento ou função no culto.

Precisamos entender que tudo o que fazemos, na prática, está influenciado pelo tipo de alimento espiritual e emocional que ingerimos.

Se não nos alimentamos da Palavra de Deus, nos alimentamos da nossa própria carne e segundo a Bíblia o que faz isto é tolo (Eclesiastes 4.5) e o resultado será uma influência de pecado e morte espiritual.

Mas se nos alimentamos com a Palavra de Deus, tudo o que fizermos será influenciado por ela e resultará em glória para Ele e vida para a igreja.

Termino dizendo que não há outra opção para nós. Se fomos chamados por Deus para servi-Lo em Sua igreja, devemos nos encher do Espírito, andar segundo as Escrituras e ter vida de oração e santidade.

Quem se recusar a observar estes princípios será lançado fora da Sua presença pois Ele não permitirá que estes tenham acesso às Suas ovelhas.

Que o Deus de toda a graça e poder te encha com Seu Santo Espírito para o exercício do ministério para o qual você foi chamado e te inspire em Sua santa e poderosa Palavra.

Espero em Deus ter ajudado você a se aprofundar um pouco mais no conhecimento de Deus e na expansão do propósito para o qual foi chamado.

Deixe suas dúvidas ou sugestões nos comentários. Terei prazer em responder.

Nos vemos na próxima matéria e lembre-se:

...tocai com habilidade e alegria Salmo 33.3 – Almeida 21