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Difícil missão dos técnicos e engenheiros de sistemas de áudio, o respeito a estética dos templos e locais de culto é uma exigência cada vez maior de pastores e líderes. Tanto que, em alguns casos extremos, temos encontrado instalações extremamente inadequadas, feitas dessa ou daquela forma por exigência da liderança da igreja, com o fim de preservação da harmonia estética.
Vamos começar analisando uma solução das mais populares, especialmente em templos relativamente pequenos e não muito largos, para até 300 pessoas: a fixação das caixas do PA (public adress = caixas de som voltadas para o público, a congregação ou platéia) nas paredes laterais do templo.
Esse sistema de distribuição do som pode funcionar muito bem, dependendo das características do templo, contudo a forma de fixação das caixas na parede tem sido um problema muito comum que tenho encontrado, com caixas “coladas” na parede (figura 1), sem qualquer inclinação que denuncie a intenção de enviar o som diretamente aos ouvidos da congregação.
Por princípio físico, o som “sobe”, e, por esse motivo, devemos direcionar as caixas no sentido dos ouvidos da congregação. Devemos lembrar que um alto falante cobre, em média, um ângulo de 90º em seu eixo horizontal e 60º em seu eixo vertical. Sendo assim, nessa condição de instalação, as caixas perdem metade de sua capacidade, ao investir boa parte de sua potência sonora contra a parede lateral e o teto do templo. Além disso, gera rebatimento indesejável, que é jogado para o centro da sala com um sensível atraso em relação ao som recebido pelo ouvido humano diretamente do alto-falante. Resultado: Embaralhamento e falta de legibilidade. Além disso, como pela física o som tende a subir e buscar os extremos mais altos do auditório, se as caixas, ao invés de estarem direcionadas ao ouvido da platéia, estiverem simplesmente retas para a frente, boa parte desse som sobe em direção ao teto da sala, gerando mais embolamento e aumentando o vazamento para a vizinhança.
Uma vez visitei uma igreja onde o pastor havia exigido que as 4 caixas compradas para o novo templo fossem instaladas próximas do teto e sem qualquer inclinação, por uma questão de “estética”. O resultado foi desastroso!!!! Enquanto a congregação reclamava do volume baixo e falta de legibilidade, especialmente durante o período de louvor, os moradores das residências vizinhas chamavam a fiscalização por não suportar o volume proveniente do templo, que invadia suas casas. Após pagar algumas multas e sofrer com as barreiras criadas pelo problema à evangelização dos moradores da vizinhança, o pastor resolveu “abrir mão” de sua exigência estética e, reposicionando as caixas, resolveu o problema.
Na figura 2 vemos uma caixa corretamente instalada, com sua base a 1,90m do chão, devidamente inclinada na direção do ouvido de nossa platéia. Isso nos permite obter índices de compreensão da palavra cantada e pregada muito maiores, com um volume menor, afinal, nosso ouvido recebe a informação diretamente, antes que hajam rebatimentos indesejáveis em paredes, bancos, piso, teto, janelas, e outros componentes da sala.
Como disse no início, a fixação de caixas nas paredes laterais pode ser uma ótima alternativa se o templo for relativamente estreito. Porque isso? Em templos mais largos, quando fixamos as caixas nas paredes laterais, acabamos privando do som do PA os nossos irmãos sentados nas cadeiras e bancos mais próximos do eixo central do templo. Sendo assim, particularmente adoto uma convenção: quando sou chamado a cuidar de instalações de som em templos, aplico esse tipo de posicionamento de caixas quando o espaço da congregação se divide em até 2 fileiras de bancos com 1 corredor central (figura 3). Para templos mais largos, com maior número de fileiras, adotamos outras técnicas de distribuição do som.
E lembre-se: não existe equipamento de áudio potencialmente ruim, mas sim empregado de forma ou em lugar errados. A Palavra de Deus diz que “a fé vem pelo ouvir a Palavra”. É Preciso ouvir e COMPREENDER.
A Ele toda a Glória!
Fabiano Pereira é formado em Comunicação Social, técnico operador de áudio e técnico em rádio e TV, com mais de 17 anos de experiência profissional.