“Divulgou-se a sua fama até muito longe, porque foi maravilhosamente ajudado, até que se tornou forte.” (2 Crônicas 26:15 – ARA)
A verdade contra-intuitiva é a seguinte: ser cada vez maior não significa ficar menos vulnerável. E muitas vezes significa exatamente o oposto.
Nem um de nós deseja, realmente, o fracasso. Ah, claro, há certamente alguns masoquistas espirituais por aí, os cristãos que têm um grande orgulho no ministério de Isaías – “Eu estou perdendo 90 por cento? Devo estar fazendo algo certo!”- Mas há uma razão pela qual Deus provocou o compromisso de Isaías à missão antes de lhe dar as suas ordens deprimentes. Nenhum de nós gostaria de se inscrever nesse tipo de empreitada.
Quando nos encontramos em ministérios difíceis, onde a palavra parece fora de moda e o solo excessivamente difícil, apesar dos nossos esforços sinceros e fiéis de compartilhar o evangelho de forma contextualizada e amar e servir os nossos vizinhos com alegria e bondade, muitos de nós lutamos contra o desânimo, mas pelo menos, entendemos teologicamente que às vezes Deus dá e às vezes ele tira.
Há algo biblicamente bonito, na verdade, sobre tal pequenez. Parece ser o principal modo de pensar dos apóstolos sobre si mesmos. Paulo possuía motivo de orgulho, mas ele possuía esse motivo em sua fraqueza. Ele considerava seus sucessos como lixo em comparação com a glória de Cristo. É a grandeza de Deus que está no centro em última instância, não a grandeza dele próprio ou das igrejas.
Assim, quando somos feitos pequenos, podemos encontrar-nos no centro da oração de João Batista, que Jesus iria aumentar e nós diminuiríamos. Não é o lugar ideal para se estar em termos de nossos sonhos e ambições, mas confiando totalmente na soberania de Deus é exatamente onde Deus quer. Não é uma chamada à passividade ou para arrumar desculpas. Mas mesmo o mais diligente dos trabalhadores pode dizer que Deus o chamou para ser fiel, não bem sucedido.
E então Deus concede muito sucesso e muito visível. Às vezes o povo de Deus tem muito sucesso nas coisas que ele realmente não tem chamado para fazer, mas às vezes na sua estranha sabedoria ele concede sucessos extraordinários e legítimos para seus filhos. Mas com essas glórias devem vir muitas precauções.
Nós todos preferimos o sucesso ao fracasso, mas, na verdade, o sucesso é mais perigoso. Na insuficiência, sabemos que podemos confiar totalmente na aprovação de Deus e no seu sustento. No sucesso, é fácil começar a olhar ao redor, examinando todos os territórios reivindicados, todo o povo reunido, todo o renome do ministério, e pensamos: “Bem, Veja aqui. Veja o que foi construído com os meus talentos, meus dons, minhas habilidades, minhas estratégias, minhas visões, meu suor, meu sacrifício”.
É perfeitamente normal para os seres humanos preferirem o sucesso ao fracasso. Você seria uma pessoa estranha se você não o fizesse. E ainda é perfeitamente normal para os seres humanos manchar todos os seus sucessos com o inchaço de suas grandes cabeças. Você seria uma pessoa estranha se você não o fizesse.
E assim nós nos lembramos do Espírito Santo, o soberano sopro do próprio Deus em quem vivemos, nos movemos e temos a nossa existência (Atos 17.28), sem o qual não poderíamos receber uma única coisa sequer (João 3.27). É o Espírito que dirige nossos caminhos, enquanto nós estamos fazendo nossos grandes planos (Provérbios 16.9) e toma nossas proposições de missão (Tiago 4.13-15). Oh, nós podemos produzir alguns empreendimentos muito emocionantes, podemos obter um monte de coisas se nós tivermos uma atitude do eu-posso-fazer, ter espírito de liderança, personalidade entusiasta e etc., etc., etc. A Torre de Babel era bem alta também.
Não corra à frente do Senhor Deus. Você pode encontrar-se no meio de um grande, enorme sucesso e, assim, muito, muito vulnerável.
E o pequeno segredo é que você realmente não precisa dele. Se Deus quer que você tenha, isso é ótimo. Mas você não precisa de “mais” para estar satisfeito em Deus, para ser totalmente justificado em Cristo, para ser totalmente preenchido pelo Espírito. Deus não mede o sucesso da forma como nós fazemos. Então, se você está lutando ou se está tendo sucesso, a melhor posição a tomar é sempre a da oração, para que você saiba como ter pouco e como ter muito, como fazer “todas as coisas” por meio de Cristo – não pelo seu know-how. Somente Cristo é inesgotável.
“Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.” (1 Coríntios 10:12 – ARA)
Por: Jared C. Wilson. © 2016 The Gospel Coalition. Original: Success is Dangerous
