Lições de uma pescaria

Lições de uma pescaria

No mês de julho deste ano eu e minha família estivemos no litoral do estado do Paraná, na cidade de Paranaguá. Em um dos dias tivemos uma grata e “didática” experiência de pescaria. Fomos eu e minha esposa com mais um casal de discípulos. Selma e eu nunca tivemos a oportunidade, nem a coragem, de pescar em alto mar. Estávamos receosos mas aceitamos o desafio e foi maravilhoso. Levei meu celular que, por falta de sinal, serviu apenas para tirar fotos e arquivar um texto com as lições que tirei deste precioso lazer, as quais vou compartilhar com vocês nesta matéria.

Observações e lições de uma pescaria

Eu observei o mar e sua imensidão. Uma incrível obra e criação de Deus, com sua beleza e perigos. Facilmente me distraí com o mar e me lembrei que ele representa o mundo, que muitas vezes leva os crentes a se distraírem com suas coisas. Mas eu estava lá por outra razão. O objetivo era a pesca. 

Bancos de areia no meio do mar era um dos medos do timoneiro (é assim que se chama?). Graças a Deus havia postes e marcos para uma rota segura pra embarcação. Lembrei-me da palavra de Deus, que nos guia neste mundo em plena segurança. 

 Além de observar o mar, o céu, as nuvens e os ventos também mereceram minuciosa atenção. Eles dão sinais, de bom ou mau tempo. Quando saímos, o céu estava azul, não havia nuvens e uma suave brisa, muito fria, soprava sobre nós. Pescamos por horas até que o céu se encheu de nuvens acizentadas e os ventos sopraram com mais intensidade. Pensei: teremos de enfrentar dias de bonança e de tempestade. Assim é nossa vida, família e até nosso ministério. 

 Vimos aves e botos no meio do mar. Eles eram sinais de peixes pois, onde estavam, lá também estavam os cardumes. Muito interessante! Eles estavam fazendo um verdadeiro banquete. Falei comigo mesmo: “Onde existe morte também existe um promissor campo de trabalho”. Temos de estar atentos aos lugares de maior necessidade ministerial.

 A embarcação também nos deu lições. A começar pelo condutor, que deve ser habilitado e criterioso conhecedor do barco, do tempo, da pesca, etc. O tipo da embarcação, sua capacidade, estrutura, motor e, remos…sim, remos num barco a motor. Por que? Porque se o motor falhar, você já pode imaginar o que deve acontecer. Aliás, os recursos mais modernos sempre falham e nos levam de volta aos mais rudimentares. Coisas de pescaria. Imaginei nosso barquinho como a igreja ou mesmo uma célula. Estávamos em quatro pessoas, juntos e unidos na mesma fé e no mesmo objetivo. Comparei os remos a oração. Orar é trabalhar com Deus.

 Me assustei quando percebi que a água do mar começava a entrar no barco e me impressionei com um furinho que a lançava novamente para fora. Grande alívio e um novo cuidado. Pensei, ainda: “As vezes as coisas do mundo entram na igreja através de brechas abertas”. Mas temos de contar com recursos para expelir o mundanismo de nosso meio. Se não o fizermos, o barco afundará.

 Observei outras embarcações no mar. Algumas de pesca profissional, outras de comércio, outras de lazer. Várias motivações e propostas. As vezes a igreja perde a visão de sua missão e passa a ocupar-se com as mais diversas atividades e entretenimento. É de se refletir e auto analisar…

 Numa destas embarcações comerciais, uma canoa adaptada, adquirimos as iscas: camarões vivos. Eu gosto muito de camarões e os peixes também. Observei que podemos pescar com iscas vivas e também mortas. Tem peixes interessados em praticamente todo tipo de isca. Aprendi também que parte do que pescamos retorna como isca para novos e maiores peixes. Estas iscas dão a própria vida para atrair novos peixes.

 As iscas vivas exigem recursos de aquários e máquinas de oxigênio no barco. Elas ficam em pequenos tanques. Pensei nos que saem do mundo mas ainda vivem o mundo, mesmo dentro da igreja. Outros, ainda quando são novamente lançados na água, ficam presos ao anzol do reino, imprestáveis para voltar a viver o que vivia antes de conhecer a palavra. 

 Pescar exige muita paciência. Ficamos debaixo de sol. Adaptei um chapéu com minha camisa e poupei meu rosto dos raios solares. Um lanchinho que levamos não foi mero capricho; acabou rapidamente. Pescar dá muita fome assim como pregar o evangelho gera necessidades que precisarão de suprimento. Quem trabalha para o Senhor deve se alimentar dele continuamente. 

 Observei que os peixes apanhados mudam seu propósito de vida. Quando fisgados, eles não serão mais os mesmos. Assim, todo o que se converte a Deus, sofre radical e profundas mudanças.  

 Por último, no final da pescaria um outro trabalho teve início: tirar o barco do mar, lavá-lo com água doce e lubrificar o motor. Um cuidado necessário para a manutenção daquele veículo que sofre diretamente os efeitos corrosivos da água salgada. Da mesma forma, a igreja precisa de manutenção e cuidados constantes. A lavagem da água pela palavra e o fluir do óleo do Espírito Santo nos livram da maresia e nos mantém em plenas condições de continuar a carreira que nos foi proposta.

 Meus irmãos e amigos, observei tudo isso e muito mais porque logo ao entrar no barco o Espírito Santo me fez lembrar das palavras de Jesus: “…eu vos farei pescadores de homens” (Mateus 4:19). Foi maravilhoso e me impactou bastante. Pescadores de homens…

Por: Daniel Souza. © 2016 Ministério Frutos do Espírito. Original: Pescaria

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