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22 de agosto de 2018
Ao longo de alguns anos dando aulas de canto, tenho percebido várias mudanças no jeito de cantar das pessoas, de acordo com a época em que estamos, baseado no que está fazendo sucesso, nas tendências e até no estilo de vida de cada um. Já passamos por levas de cantores que mais pareciam “covers”, e hoje contemplo um certo nivelamento na forma de canto, onde boa parte dos cantores interpretam as canções de maneira muito parecida uns com os outros.
Isso se dá porque nos é transmitido diariamente um quadro do que faz sucesso e do que não faz. Os produtores muitas vezes, para garantir o sucesso do seu trabalho, não se arriscam e buscam seguir a fórmula que sabem que vai dar certo no final, ou seja, sabem que “vai pegar”, porque todo mundo faz assim e já deu certo.
Por conta disso, muitos intérpretes buscam aprimorar seu canto para chegar a este padrão, muitas vezes passando por cima de algumas limitações fisiológicas, como tessitura vocal, potência, e por muitas vezes, sacrificando a própria identidade. Ao observar o quadro mundial, vejo que estamos um pouco na contramão. Fora do Brasil noto que muitos grupos têm procurado trazer algo diferente, único. O problema é que pegamos algo que é único e reproduzimos aqui em larga escala.
O ponto negativo disso é que, como estamos sempre tentando fazer algo que não nasceu propriamente da nossa inspiração, das nossas características pessoais, corremos o risco de submeter nossa voz a algumas práticas não saudáveis. É o caso do próprio estilo black music, que classicamente provém da voz negra, cujas peculiaridades são fáceis de notar. Muitos cantores buscam arduamente reproduzir o estilo musical em questão, como se esse fosse o melhor jeito de cantar que existe. Não sei porque colocamos numa pirâmide os estilos musicais, nem quem foi que colocou o black music no topo, mas o que vejo é que a busca por alcançar o que o estilo pede tem trazido muitos problemas vocais pra muitos cantores. O fato de tentar fazer as técnicas sem preparo, o exagero e até mesmo a busca por um timbre que não é nativo pode sim trazer problemas sérios para a voz. Vejo isso conversando com cantores desse estilo, e 90% deles têm problemas notáveis já na fala, ou seja, são roucos.
Quando isso acontece, é porque estamos sacrificando a saúde vocal em prol da estética vocal, ou seja, estamos mais preocupados em como vamos soar do que como nosso corpo se sente com isso. Podemos nos preocupar com a estética da voz? Claro que sim! Devemos buscar soar com os melhores timbres, de maneira agradável e envolvente. Mas até que ponto vale a pena prejudicar a ferramenta que Deus nos deu para nos comunicar? Nossa voz é a porta da nossa mente, é através da qual expressamos praticamente tudo o que vai dentro de nós, e quando isso acontece através da música, é poderoso!
O ponto que quero deixar aqui é que Deus nos fez com uma fisiologia específica, e características únicas, para benefício do Reino de Deus. Somos ferramentas a Seu serviço, e cada pedacinho de nós foi minuciosamente planejado pelo Pai das Luzes, quem faz tudo de forma boa, perfeita e agradável a Ele. Ao invés de buscar com tanto afinco fazer algo muito diferente do que somos, que tal se pudéssemos encontrar dentro de nossa forma de interpretação algo único? Nosso timbre, nosso jeitinho de cantar, talvez muito diferente dos outros, mas tão peculiar, e por que não, lindo? E trabalhar sim a técnica vocal para aprimorar a extensão da voz, a potência e a flexibilidade, para que soe de forma cada vez mais perfeita, para honra e glória do Senhor.
Sejamos pois, livres na nossa forma de interpretar, sabendo que Deus faz tudo perfeito. E sejamos gratos pela oportunidade de cantar louvores ao altíssimo com todo o nosso amor e dedicação, cuidando do que Ele nos deu através do estudo e das boas práticas vocais.
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