Adoração Ontem e Hoje

Adoração Ontem e Hoje

O tempo frio e chuvoso, na cidade de Ponta Grossa no estado do Paraná, não impedia que minha mãe pegasse seus quatro filhos, ainda pequenos, e os levasse às reuniões de quarta feira, na Igreja Congregação Cristã do Brasil, aonde um dirigente com um acordeom vermelho ensinava os “corinhos”de louvor e adoração, impressos na contracapa do novo hinário da denominação. Foi ali, a primeira vez que me deparei com este estilo de música, diferente dos antigos hinos, que se define hoje no meio evangélico, Louvor e Adoração.

Contudo, meu entendimento sobre o tema foi crescendo, depois de minha conversão a Cristo em 1974. Comecei compor cânticos, e conheci outros que o faziam. Uma noite na Igreja Metodista Institucional, conheci o grupo cristão de maior influência na época, Vencedores por Cristo. O local estava abarrotado de gente, o que demonstrava a expectativa, interesse e sede, pessoas que, como eu, estavam buscando uma nova maneira de expressar-se diante de Deus. Para minha surpresa, o pastor da igreja, me chamou para uma canção inicial junto com o grupo, que emoção!
Entretanto, o que ficou gravado em meu coração não foi apenas a alegria de ter tocado com aqueles irmãos, mas, o ambiente de louvor a Deus que ali havia. Eu disse a Deus que era aquilo que eu queria para minha vida. As músicas cantadas por aquele grupo, entre elas “Se eu fosse contar”, nunca mais saíram de meu coração.

Depois disso muito aconteceu na Igreja, principalmente quando se fala de louvor e adoração.
A música deixou de ser uma simples expressão do coração para se tornar um produto de consumo de um grande segmento de mercado consumidor cristão, fruto do crescimento natural da Igreja brasileira. Uma grande parte dos novos músicos, assim como eu, foram gradativamente deixando suas atividades, para adorar a Deus, porém outros tem se dedicado apenas em satisfazer este público consumidor. Isto fez com que muito da riqueza de estilos que temos se perdesse em meio a uma música com cara de importado que estancou o fluir genuíno da adoração brasileira.

Esta influência estrangeira tem um outro aspecto. No Brasil tem-se a tendência de se achar que o que vem de fora é o melhor. Não tenho nenhuma barreira com a música de outros povos. Sou um incentivador pessoal da música cristã das nações. Porém, ao andar pelo mundo, tomo o cuidado de estar atento ao que Deus está fazendo. Sei o quão importante é valorizar os compositores, os ritmos e cultura de cada local, para que não aconteça o que tem acontecido com nossas expressões musicais. Temos a capacidade de assimilar o estrangeiro com facilidade ao ponto de deixar nossa rica música de lado, fazendo com que a cultura musical cristã valorize o importado, deixando de lado o que é nacional.

Podemos pontuar também como fator de influência, a nossa forte tendência de manter as formas dogmáticas e ritualistas que tendem a criar estruturas engessadas, que roubam a simplicidade e riqueza de tudo que é novo e espontâneo. Não me refiro àquilo que já é definido nos rituais dos cultos cristãos históricos, mas falo acima de tudo dos novos rituais que as igrejas tem criado, que se mostram tão inflexíveis quanto as mais tradicionais, dificultando a abertura ao novo. Na minha época de adolescente e depois como jovem cristão, cheio de músicas de louvor e adoração, o que eu mais queria era jorrar o vinho novo, que Deus gerava em minha vida. Agradeço ao Senhor que me permitiu ter pastores que abriram espaço para esse transbordar.

Hoje, vejo que ainda há muito a ser feito mas, com a graça de Deus, o louvor e a adoração não vão cessar, pois, acima de tudo está o coração de cada adorador que Deus procura.

 

Fonte: www.asaphborba.com.br

Comentários

comentários